Mostrando postagens com marcador Chef Tainá Zaneti. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Chef Tainá Zaneti. Mostrar todas as postagens

7.5.10

Mandalas Verdes

Produzir alimentos em grande escala de forma limpa para a terra, viável para o produtor e justa para o consumidor parece um ideal distante ou um conto de fadas. Felizmente, para os céticos que acreditaram que isso nunca iria acontecer já podem comprovar com seus próprios olhos que este é um sonho real e já está tendo sucesso. A agroecologia é uma ciência que desenvolve princípios, tecnologias verdes e metodologias para implantar sistemas de produção agropecuários de base ecológica. A agroecologia busca na interdisciplinaridade modos de otimizar a produção e diminuir os efeitos no meio ambiente. Personificando a ciência, a rede Mandalla de empreendimentos sustentáveis, instalada na Paraíba, baseia-se nos conceitos da agroecologia. O nome da rede vem da forma de plantação em forma de mandala, um círculo formado por diferentes culturas, a fim de aproveitar ao máximo o espaço, aumentando, assim, a produtividade. Esse sistema permite a inclusão de tecnologias verdes, como pesticidas naturais, irrigação controlada, controle de pragas podendo produzir alimentos orgânicos e seguros para o consumo.
A rede não só beneficia o meio ambiente, como também a comunidade. As tecnologias sociais Mandalla foram criadas para ajudar o camponês a aliar o seu conhecimento com o conhecimento cientifico. O projeto além de melhorar a economia local, por gerar muitos empregos nas várias etapas de produção da cadeia, melhorou também a qualidade de vida dos produtores e da comunidade em geral, pois as pessoas passaram a se alimentar de forma mais saudável, com a dieta variada e colorida, rica em fibras, minerais e vitaminas e pobre em insumos químicos. A inclusão do método Mandalla trouxe esperança, melhoramento e dignidade para os produtores. Existem vários de ascensão social e economia de produtores graças à implementação da Mandalla.
O projeto conta com vários parceiros como o SEBRAE, FIES e Ministério da Agricultura que ajudam a sustentar e atingir mais produtores. Para poder implementar as mandallas em outros lugares do Brasil, a rede criou a Uni Mandalla que oferece cursos de capacitação, pesquisa e desenvolvimento para difundir a filosofia Mandalla.
Para mais informações:

30.4.10

Ciência da terra para a mesa

Uva sem semente, maracujá doce, algodão colorido, pequi sem espinho... Ficou confuso? Bom, essas inovações tecnologicas são fruto de pesquisas realizadas pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em associação com universidades de todo o país. A pesquisa e desenvolvimento realizadas no campo agropecuriário transforma o nosso dia-a-dia, principalmente quando o assunto é cozinha. As mutações e melhoramento genético de matéria-primas são ainda assuntos muito polêmicos. Afinal, são escassas a informação e a educação sobre os prós e contras dessas práticas. Temos que levar em consideração porém, que a uva sem semente deixou a fondue de chocolate muito mais gostosa e o pequi sem espinho deixou a galinhada menos perigosa. Outra coisa muito interessante é o algodão colorido que foi desenvolvido pela EMBRAPA no intuito de diminuir o uso de insumos químicos colorantes pela indústria têxtil, reduzindo significativamente a dispersão destes na terra, livrando-a da exaustão e da perda de nutrientes. Além disso, muitas pesquisas estão relacionadas ao aumento da produtividade que significa produzir mais em menor área. Ou seja, pode-se produzir mais alimentos e com maior diversidade promovendo assim as ferrementas necessárias para a segurança alimentar.
Para vivenciar essas inovações tecnológicas a EMBRAPA está promovendo o Ciencia para a Vida, de 24/04 a 02/05, na sede da EMBRAPA-DF. Lá você encontra várias palestras, estandes com informações, cursos, material informativo e interativo e, o melhor de tudo, há degustação de muitas delicias desenvolvidas pela instituição.
Para mais informações, visite o site do evento: http://www.cienciaparavida.com.br/

23.4.10

Take it slow...


“O tempo não pára e ele ainda passa correndo” As imortais palavras de Cazuza ilustram o caos cotidiano. A correria do dia-a-dia criou uma brecha no mercado para tecnologias que facilitassem a correria da rotina. A migração do homem do campo para cidade, a mudança do papel da mulher e com isso a reestruturação dos hábitos alimentares das famílias criou uma grande demanda para os fast-foods, como o famoso Mc Donalds. As agroindústrias foram aumentando e se expandindo pelo mundo de acordo com o ritmo fast que as diferentes nacionalidades passaram a adotar. Não só as tecnologias foram se globalizando, mas também os costumes, as musicas e os sabores passaram a se unificar, perdendo a individualidade e características próprias de cada cultura.
Não havia nenhuma movimentação contra essa padronização de costumes e sabores. Até que em 1989, quando o primeiro Mc Donalds se instalou em Roma, um grupo de italianos se uniu e criou o Slow Food. O Slow food foi criado justamente para frear essa aceleração da vida cotidiana. Viver slow, comer slow, take it slow. Respeitando a sazonalidade e o tempo da natureza, controlando o impulso imediatista do ser humano.
O Slow food acredita que o alimento deve ser bom, limpo e justo. Bom de sabor, de qualidade, matéria-prima segura para ser consumida. Limpo pois o alimento deve passar por toda a cadeia de produção sem utilização de insumos químicos e prejudiciais à saúde humana, animal e sem exaurir o meio-ambiente. Justo porque o produtor deve receber um preço justo pelo seu produto.
Para que a filosofia não ficasse só no papel, o movimento criou vários mecanismos de intervenção para o combate à padronização alimentar. O Educação do Gosto ensina e estimula crianças, jovens e adultos a aprimorarem e memorizarem as habilidades sensoriais, d forma que o gosto do alimento se torne consciente e identificável na hora de comer. Esse projeto está presente nas escolas e nos coviviuns que são grupos de chefs e gastroapaixonados que se reúnem para discutir, fazer e comer comida. Além disso, o movimento criou a Arca do Gosto, que é como uma Arca de Noé de sabores. Ali são guardadas mudas e materiais genéticos de plantas que estão em risco de extinção afim de que se possa preservar a biodiversidade e as receitas, é claro.
Além disso, a cada dois anos é realizado o Terra Madre que é um congresso do Slow Food, realizado nas principais capitais do mundo. No Terra Madre são discutidos problemas e soluções sobre o meio-ambiente, alimentação e segurança alimentar. É claro que também é reservado um espaço para que os chefs desenvolvam pratos relacionados a Ecogastronomia, para que mostrem que é possível fazer um alimento político e ecologicamente correto muito saboroso.
Como disse Pedro Petrini, fundador do movimento, a pressa é inimiga da refeição. Por isso, diminuam o ritmo, comam mais devagar e aproveitem os sabores da vida!
Para saber mais sobre o moviento acesse: http://www.slowfood.com ou www.slowfoodbrasil.com

16.4.10

Gastronomia: um museu de grandes novidades

id="BLOGGER_PHOTO_ID_5460762109511000066"
O que nos une e o que nos separa na mesa. Receitas antigas que aportam carinho, aconchego e segredos lendários de anciãs. Agora veladas por falta de tempo, matérias-primas, contato com a família... No lugar da mandioca, trigo ou soja. No lugar da avó passando as receitas tradicionais da família em seu caderno roto, um site de receitas aberto para o mundo. O prazer de comer se reservou aos domingos, quando talvez se reúnem familiares e amigos. Porém quase sempre se come só, correndo, andando, entre um compromisso e outro. Perdeu-se o respeito pelo comer, apesar da Gastronomia estar tão em alta! Vejo releitura de pratos tradicionais, feijoada light, arroz carreteiro vegetariano... Cada maluquice sem sentido que torna o ato de se alimentar um momento de status ou segregação social! Comer não é para agregar valor e elevar a economia! NÃO! Comer é sagrado, é para elevar a alma! Come-se para se libertar das tristezas, “COMERmorar” alegrias e espantar as aflições diárias. E agora nos sentimos culpados por comer um doce no meio da semana, um brigadeiro é quase um crime. Afinal se nos permitirmos comer tudo que queremos nos desviaremos de um padrão estético pré-estabelecido de uma indústria milionária de esqueléticas. Modificamos a natureza a fim de atender nossas necessidades. Modificamos as nossas receitas por termos destruído e acabado com a nossa diversidade de matérias-primas. A troco de quê? Desenvolvimento econômico e tecnológico, para gerar mais produtos e consumo, mais lixo e mais destruição. No final das contas, inconscientemente, a necessidade gira em torno de destruir. E destruição sem transformação e reposição de recurso naturais nos deixará na fome.

11.4.10

Muitas novidades na revista Brasília de Dólmã

A partir da última semana, a revista eletrônica de Gastronomia Brasília de Dólmã passou a contar com preciosos colaboradores que vão escrever todos os dias para o deleite dos nossos seguidores.
Às segundas, o chef Germano Lisboa vai escrever sobre a culinária latino-americana. Terça-feira é a vez de Antonio Duarte, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers - Brasília, falar um pouco sobre vinho. Na quarta-feira, a chef Ana Paula Mota fala de cozinha brasileira. Toda quinta, a chef Carol Graupner ensina receitas e dá dicas quentes de Gastronomia. Sexta-feira é a vez da graciosa chef Tainá Zaneti nos brindar com a ecogastronomia. Aos sábados, a professora Rosy Vasconcelos vai nos manter atualizados sobre cursos, feiras e congressos de Gastronomia. E aos domingos é minha vez, chef Adriano Vasconcelos, ensinando receitas tradicionais e defendento a culinária de raiz!

É isso mesmo, todos os dias um especialista vai escrever no blog e deixar nossos seguidores por dentro do que há de melhor no mundo da culinária.

Hoje, falo um pouco sobre a bandeira culinária nacional, a moqueca.
Fruto da união das culturas européia, africana e ameríndia, a moqueca nasceu na Bahia do século XVI.
O nome vem do moquém, o método de cozinhar os alimentos diretamente no fogo, tradição indígena brasileira: originalmente feita numa grelha de varas ou ainda apenas folhas de árvores cobertas por cinzas quentes. Os alimentos eram assim "moqueados".
O prato leva tradicionalmente peixes de rio, mas fica delicioso também com peixes de mar. Pode ainda ser feito com frutos do mar.
Na tradição baiana, não pode faltar o azeite de dendê e o leite de coco, contribuições africanas, além de cebolas, pimentões e tomates.
O clássico tempero português: cebola, alho, pimenta-do-reino e sal está sempre presente e o toque especial está no coentro, fundamental neste prato baiano que é a cara do Brasil.
Além da moqueca baiana, também encontramos a moqueca capixaba, mineira e paulista. A capixaba leva óleo de urucum e a mineira pode ser feita com o peixe surubim ou com frango.

No dia 22 de abril, dia do descobrimento do Brasil, vamos dar um curso que além da moqueca ensinará outros pratos baianos como acarajé, vatapá, farofa de dendê, pirão e quindins de Iaiá. Informações: http://paixaofogaoearte.blogspot.com

Até o próximo domingo!

9.4.10

Ecogastronomia: Sabores conscientes!

Engana-se quem pensa que a Gastronomia se restringe a uma cozinha fechada de um restaurante de luxo. Na verdade, ela começa a se moldar e se solidificar no preparo da terra onde serão cultivadas as matérias-primas. A forma que se trata a terra será a forma como os alimentos entrarão no nosso corpo. Portanto, é necessário que se respeite a terra como forma de respeito a nós mesmos.
É disso que essa coluna se tratará. A relação simbiótica entre a terra, ser humano e o produto dessa relação: a mágica de transformar as matérias-primas dadas pela terra em alimentos, receitas e, claro, Gastronomia.
Este é um espaço onde abordarei temas como agricultura familiar e sustentável, slow food e personalidades, eventos e restaurantes que colocam em prática a ecogastronomia! Espero que desfrutem e despertem a consciência de que somos parte de um todo e que devemos respeitar todas as outras formas de vida para que a biodiversidade continue nos fornecendo os ingredientes para as nossas receitas e, assim, possamos continuar nos alimentando de forma justa, segura e muito saborosa!