30.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole XI: O Bolinho de Bacalhau do Bar do Mercado Municipal de Brasília - Chef Ville Della Penna

O Chef Ville Della Penna nasceu em Brasília e muito jovem aventurou-se pelos restaurantes da Europa. Estudou cozinha profissional no Piemonte, na Itália e trabalhou em restaurantes estrelados daquele país e da Bélgica. Retornando ao Brasil, foi trabalhar no Feitiço Mineiro em Brasília e em oito anos contribuiu com o crescimento do grupo do amigo Jorge Ferreira que conta atualmente com 13 casas. Ville comandou as cozinhas de todas as casas com sua criatividade e competência dando a cada uma delas uma identidade própria. No caso do Bar do Mercado Municipal, Ville criou cada um dos pratos da casa com sua inventividade que conquistou o paladar dos frequentadores. Alguns pratos foram reinventados com a substituição de alguns ingredientes e formatos para chegar ao sabor perfeito e à consistência que inebria os sentidos. É o caso da sua versão do bolinho de bacalhau. Macio e delicioso, tem alguns segredos que foram revelados aos alunos do Espaço Gastronômico do III Salão Internacional do Artesanato no Projeto Cozinha Artesanal Senza Parole no curso Cozinha de Boteco. Agora você também vai conhecer a alquimia do preparo do melhor bolinho de bacalhau de Brasília.
Bolinho de Bacalhau
Ingredientes:
(rendimento: 10 bolinhos grandes)
300 g de bacalhau saithe dessalgado e picado
2g ou uma colher de chá de pimenta calabresa
300 g de fécula de batata
1 cebola média picada
1 dente de alho picado
2 ovos
6 claras de ovo batidas em neve
sal
azeite
Preparo:
Numa frigideira, frite a cebola e o alho com a pimenta em azeite. Sobre uma bancada de trabalho, colocar o bacalhau e somar com a fécula usando as gemas e azeite para dar a liga. Junte o conteúdo da frigideira. Misture até dar ponto que solte das mãos e em seguida some as claras em neve. Corrija o sal. Forme bolinhos cilindricos e frite em óleo quente. Não estranhe, os bolinhos do Bar do Mercado Municipal são bem maiores que os tradicionais. Além dessa característica, são muito macios.

A receita de bolinho de bacalhau foi apresentada pelo chef Adriano Vasconcelos no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

29.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole X: Carbonnade à la Flamande - Músculo Carbonato - Chef Ville Della Penna

O Chef Ville Della Penna serviu no Bar do Mercado Municipal um prato que aprendeu na Bélgica, Carbonnade à la Flamande. Eu tive a oportunidade de apresentar este prato no III Salão Internacional do Artesanato.
Músculo Carbonato:
(Rendimento: 4 pessoas)
Ingredientes:
500 g de músculo em cubos
550 ml de  cerveja escura (schwarzbier)
1 pão francês em pedaços
1 cebola
1 copo de caldo de carne
2 dentes de alho esmagados
1 pimenta dedo de moça picada, páprica picante ou pimenta do reino
1 folha de louro
sal
azeite
Modo de preparo:
Refogar a cebola, a pimenta e o alho em azeite.
Em seguida, somar todos os ingredientes e levar à pressão por 25 minutos.

A receita de carbonnade à la flamande foi apresentada pelo chef Adriano Vasconcelos no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

28.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole IX: Sfiha - Lahm bi'ajīn - Chef Adriano Vasconcelos

Sfiha - Lahm bi'ajīn
Rendimento: 20 – 30 unidades
Ingredientes
500 g de farinha de trigo
300 ml de água
20 g de fermento biológico fresco
10 g de sal
30 g de açúcar
50 g de manteiga
500 g de capa de filé
1 cebola
1 tomate
1 limão
10 g de sal
50 g de tahine ou coalhada
Pimenta do reino ou pimenta árabe ou zatar
Azeite
Fubá
Massa
Diluir o fermento na água. Misturar a farinha com o açúcar e o sal. Juntar a mistura seca à líquida e depois que a farinha estiver úmida, misturar a manteiga e sovar.
Cobrir a massa e deixar descansar até a fermentação (aprox. 30 min).
(Se for usar o fermento seco no lugar do fresco, aquele deve ter 1/3 do peso deste e deve ser misturado à farinha no lugar de ser dissolvido na água. Neste caso é o sal que vai ser diluido na água. Então há uma troca, sal na água e fermento na farinha, isso é pro sal não matar o fermento).
Recheio
Moer a carne duas vezes
Juntar à carne moída a cebola picada, o tomate sem pele, pimenta árabe, sal e tahine
Tornar a moer todos os ingredientes com a carne.
Para as fechadas:
Dividir a massa que esteve descansando em 20 bolas uniformes.
Abrir as bolas com um rolo até ficarem finas em forma de disco.
Colocar o recheio e fechar em triângulo.
Colocar em uma assadeira sem untar (untar com azeite e fubá somente as sfihas)
Levar ao forno até dourar.
Para as abertas:
Dividir a massa que esteve descansando em 20 bolas uniformes.
Com os dedos fazer uma cavidade formando discos uniformes e espessura regular com as beiradas mais grossas que o centro.
Colocar o recheio, e espalhar com os dedos até a borda.
Colocar em uma assadeira untada com azeite e fubá e levar ao forno até dourar as bordas.
A receita de sfiha foi apresentada pelo chef Adriano Vasconcelos no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

27.11.10

Descobrindo os sabores do Brasil - Barreado: a bandeira gastronômica do Paraná

O Barreado é uma das mais requintadas criações da cozinha típica nacional. Trata-se de um prato simples e ao mesmo tempo exótico, cultivado há mais de 200 anos por caboclos das encostas da Serra do Mar, no litoral do Paraná. Com origens indígenas, açorianas e caiçaras, durante mais de século foi consumido apenas por moradores nativos das cidades de Antonina e Morretes. Primeiramente, por ocasião da festa do entrudo, que deu origem ao Carnaval. Depois, nas celebrações religiosas, que até hoje atraem milhares de pessoas àquelas bucólicas cidades com o propósito único de comer Barreado. Somente no início dos anos 70 foi que esta delícia da culinária artesanal ganhou status e subiu a serra, passando a fazer parte do cardápio de sofisticados restaurantes de Curitiba. Comer o Barreado é um ritual para personalidades e visitantes ilustres que chegam à capital paranaense nos dias atuais. O restaurante-escola do Senac-PR, no centro da cidade, é uma das principais referências para aqueles que apreciam o bom e legítimo Barreado. E isto tem razão de ser: o órgão fez o resgate histórico da receita e desenvolveu campanha institucional, tornando o Barreado conhecido em nível nacional. Hoje, existem restaurantes servindo o Barreado na região Norte do País e até nos Estados Unidos. Nas festas típicas portuguesas que acontecem no litoral de Santa Catarina, o Barreado é bastante consumido. Há quem afirme que o prato tem propriedades afrodisíacas. Isto pode não ser verdade, mas o fato é que o Barreado produz um efeito estimulante em quem o degusta. Diz a lenda que os caboclos dançavam dia e noite durante toda a festa do entrudo sem se deixar abater pelo cansaço. Quando não agüentavam mais, comiam Barreado e voltavam à farra ainda mais animados. A bebida pouco fazia efeito frente à energia que obtinham quando se alimentavam de Barreado. Segundo os apreciadores, este é um prato para ser saboreado aos poucos, devagar, sem a menor pressa. Seu sabor é especial e inconfundível. Comer o Barreado uma vez significa apreciá-lo para o resto da vida. A grande dificuldade para a massificação do Barreado é o seu tempo de preparação e cozimento, um ritual que pode levar, se feito da maneira tradicional, de 16 a 24 horas. Isso porque o barreado era cozido em uma panela de barro, vedada com farinha de mandioca e enterrada sobre brasas dentro de um buraco no chão. O calor das brasas ficava preso e como a panela era bem vedada o cozimento lento de um dia para o outro tornava o prato delicioso e único.
Antonina e Morretes
Antonina foi fundada em 12 de de setembro de 1714, quando ainda era um pequeno povoado. Nesta data, D. Frei Francisco de São Jerônimo, bispo do Rio de Janeiro, autorizou a construção de uma pequena capela em homenagem à Virgem do Pilar. Artesanato, comida típica e folclore são palavras-símbolos de Antonina. O trabalho artesanal no município é intenso e vai desde o fabrico de pilões de madeira de lei, cestaria em cipó e taquara, até miniaturas de canoas, violas e outros utensílios talhados de uma madeira especial chamada cacheta. Fundada em 1975, a Filarmônica Antoninense está incorporada ao folclore da cidade. É de caráter beneficente e destina-se a promover e desenvolver a cultura e a tradição musical, participando em atividades cívicas e integrando a juventude antoninense. O fandango é conservado nesta cidade com características semelhantes às de todo o litoral, onde tamancos, violas e cantigas fazem desta tradicional dança uma prova de persistência do caboclo litorâneo que não a deixa abater. O Bloco Carnavalesco Apinagés foi fundado em novembro de 1923 pelo marinheiro paraense Benedito Jesus Pereira, segue primitivas tradições indígenas e constitui-se em folclore de Antonina, sendo um dos mais famosos e antigos do Paraná.

A cidade de Morretes, conhecida como a capital agrícola da região litorânea, foi fundada em 1721 e hoje conta com aproximadamente 23.000 habitantes. Banhada pelo Rio Nhundiaquara (com suas inúmeras cachoeiras corredeiras), Morretes se caracteriza pela arquitetura, em estilo colonial, e pelo Barreado, prato típico do Paraná à base de carne cozida, pimentas nativas, banana-da-terra e farinha de mandioca. Mas não se come só Barreado em Morretes! Entre outras delícias gastronômicas locais estão as geléias, doces, frutas, sucos e aguardentes, como a famosa pinga de banana. Falando em artesanato, não se pode deixar de lado a cestaria e o trançado, famosos em toda a região. No rico folclore, festas como o fandango, dança das balainhas, dança do pau-de-fita e a folia do Divino. Seus principais pontos turísticos são: Porto de Cima, Igreja de São Sebastião de Porto de Cima, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto, Rio Nhundiaquara, Estação Ferroviária. Para chegar a Morretes e Antonina, existem vários caminhos. Por via rodoviária o acesso se dá pela BR -277 ou pela Estrada da Graciosa. Outra opção é a Estrada de Ferro com trens saindo diariamente de Curitiba.
Receita:

Ingredientes:
1kg de músculo bovino cortado em cubos;
sal;
200g de bacon em lardons;
2 cebolas picadas;
3 dentes de alho picados;
1 folha de louro;
1 colher de chá de orégano;
1 colher de chá de cominho;
pimenta-do-reino.
Para o pirão:
caldo do barreado;
uma xícara de farinha de mandioca.
Preparo:
Faça o barreado: tempere a carne com o sal e reserve. Frite o bacon em uma panela de pressão até começar a dourar, junte a pimenta, a cebola e o alho, refogando bem por cerca de três minutos. Acrescente o músculo, o louro, o orégano e o cominho, mexendo até que a carne fique bem dourada. Adicione água até cobrir. Leve a panela ao fogo e cozinho sob pressão durante uma hora. Depois de cozida a carne, separe o caldo da carne e reserve.
Faça o pirão: em uma panela coloque o caldo reservado e espalhe aos poucos uma xícara de chá de farinha de mandioca mexendo bem, para não empelotar.
Sirva o barreado junto com o pirão e bananas.
Este é sem dúvida o mais significativo sabor do Paraná.


26.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole VIII: Koshari - Chef Zaghloul Fahmy Hafez Amin

KOSHARI

Ingredientes:

2 xicaras(chá) de arroz cozido com macarrão cabelo de anjo
250 g de macarrão padre nosso cozido 
1 xicara(chá) de lentilha cozida em água e sal
3 cebolas cortadas em fatias e fritas ate dourar
Molho:
1 cebola picada
4 dentes de alho amassados
1 caixa de molho de tomate peneirado
1 cubinho de caldo de coentro, cominho e louro
sal e pimenta árabe 
2 xícaras(chá) da água do cozimento do macarrão
3 colheres(sopa) de óleo

 Modo de Preparo:

Prepare o molho fritando cebola e alho no óleo.
Adicione o molho de tomate, o caldo ou os temperos, o sal e a pimenta e a água e deixe ferver por mais ou menos 10 minutos. Reserve.
Em um refratário untado com óleo, forre o fundo com o arroz cozido, cubra com a lentilha escorrida, deixando um pouco do caldo nela para que molhe o arroz.
Arrume o macarrão por cima, cubra com o molho de tomate e leve ao forno por uns 20 minutos.
Tire do forno e sirva decorado com as cebolas fritas e molho de pimenta.
 A receita de koshari foi apresentada pelo chef Zaghloul Fahmy Hafez Amin, representante da Embaixada do Egito no Brasil, no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

25.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole VII: Dulce de Corteza de Sandía - Carmen Maria Luna de Briones y Verónica Vargas

 Dulce de Corteza de Sandía - Doce de casca de melancia
Ingredientes:
A casca de uma melancia, só a parte branca
Canela, cravo e pimenta doce a gosto
1 tijolo de rapadura
Preparação:
Para este doce se aproveita a parte branca da melancia que normalmente não se aproveita. Retirar a polpa e a pele verde.
Cortada em pedaços pequenos ferver até ficar cozidos. Logo se escorre, adiciona a mesma quantidade em água e açúcar.
Deixar ferver com a canela e o cravo de cheiro, mexer de vez em quando até tomar o ponto de geléia. Colocar em frascos esterilizados, deixar esfriar e selar.

A receita de dulce de corteza de sandía foi apresentada pelas Señoras Carmen Maria Luna de Briones e Verónica Vargas, representantes da Embaixada do Equador no Brasil, no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

24.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole VI: Bebida de Aveia - Carmen Maria Luna de Briones y Verónica Vargas

 BEBIDA DE AVEIA - Bebida de Avena
Ingredientes:
240 ml de aveia em flocos
2 litros de água
Canela, cravo e pimenta doce a gosto
1 cenoura
80 g de açúcar mascavo ou rapadura
Coloca-se 2 litros de água para ferver;
Agrega-se à água quente a aveia (que deve estar em pó, pode-se usar o liquidificador);
Uma vez agregada mexe-se para que se misture bem;
Agrega-se o maracujá (deve estar um pouco batido para extrair o suco), a cenoura que também deve ser batida a parte, adiciona-se o cravo, a canela e a pimenta a gosto;
Cozinha-se por aproximadamente 20 minutos para retirar todas as especiarias e sementes.
Pode tomar quente ou como refresco gelado.

A receita de bebida de avena foi apresentada pelas Señoras Carmen Maria Luna de Briones e Verónica Vargas, representantes da Embaixada do Equador no Brasil, no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

23.11.10

Descobrindo os sabores do Brasil - Maranhão: Galinha caipira com pirão de parida

Nosso leitor, Claudinei Domingos, pede uma receita de galinha caipira de São Luís do Maranhão.
Aí vai então, Claudinei, a receita da Galinha Caipira com Pirão de Parida, uma obra prima da cultura nordestina. Bom apetite!
 Pra fazer esta receita, verdadeira bandeira culinária maranhense, você vai precisar de uma galinha de aproximadamente dois quilos, duas colheres de sopa de azeite, meia xícara de chá de tomate picado, meia xícara de chá de cebola picada, meia xícara de chá de pimentão verde picado, um terço de xícara de chá de vinagre branco, sal a gosto, urucum em pó a gosto, duas xícaras de chá de água, suco de limão, um quarto de xícara de chá de leite de coco, duas colheres de sopa de cebolinha picada, duas colheres de sopa de coentro picado, salsinha, pimentas verdes e vermelhas, pimentas de cheiro e finalmente, duas e meia xícaras de chá de farinha de mandioca.
Vamos ao preparo: Corte a galinha em pedaços grandes, selecionando o peito, as coxas e sobrecoxas e as asas. Reserve. Aqueça o azeite em uma panela grande e refogue o tomate, a cebola e o pimentão. Junte o vinagre, o sal e o urucum. Acrescente água e o suco de limão. Deixe ferver e adicione os pedaços de galinha. Cozinhe por 25 minutos. Acrescente mais água, se necessário. Junte o leite de coco, a cebola e o coentro. Cubra o fundo de uma travessa com a farinha de mandioca. Despeje o caldo do cozimento sobre a farinha, em seguida os pedaços de galinha. Enfeite o prato com salsinha e pimentas cruas e delicie-se!

22.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole V: Empanadas de Plátano Verde - Carmen Maria Luna de Briones y Verónica Vargas

 EMPANADAS DE PLÁTANO VERDE
INGREDIENTES PARA A MASSA:
4 bananas da terra verdes
10g sal
2g urucum
40ml óleo de milho
20g manteiga
50ml Água onde foram cozidas as bananas verdes
Preparo:
Cozinhe as bananas da terra verdes com casca e cortadas em pedaços com sal a gosto; quando a casca começar a abrir, coloque aos poucos em um recipiente e amasse pouco a pouco; adicione a água onde foram cozidas as bananas enquanto continua amassando; adicione um a um os ingredientes: urucum, manteiga, óleo e, se desejar, mais sal; Deixa-se repousar em uma vasilha de plástico funda enquanto se prepara o recheio.
INGREDIENTES PARA O RECHEIO:
250g carne macia (esta pode ser em pedaços pequenos ou moída)
Fritar: Duas cabeças de cebola roxa pequena, um pimentão verde, um tomate descascado e sem semente, algumas folhas de coentro picadas, uma colherzinha de alho, caldo de galinha, 2g urucum (opcional 5g de gengibre).
Amendoim moído: 30g.
Preparação:
Prepare o recheio na frigideira; adicione a carne, quando já está cozida coloque o amendoim moído e pronto.
Logo, forme bolas com a massa e recheie uma por uma e formando as empanadas. Estas podem ser fritas ou assadas ao forno, até dourar. Prontas para servir com pimenta ou com molho de rabanete, pepino ou cebola. (O molho também pode ser misto). Estas são acompanhadas de cafezinho.
Opcional: As empanadas podem ser recheadas de atum ao invés de carne seguindo o mesmo processo, ou recheadas só com queijo.
Esta preparação também pode ser posta em uma só forma no forno.
Este prato pode ser servido em um café da manhã ou da tarde acompanhado de molho de cebola roxa, pimenta opcional.

A receita de empanadas de plátano verde foi apresentada pelas Señoras Carmen Maria Luna de Briones e Verónica Vargas, representantes da Embaixada do Equador no Brasil, no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

21.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole IV - Folhado de maçã com chantilly - Chef Du Sedelmaier

François Vatel foi um célebre chef francês. Nascido em 1631 em Paris, no seio de uma família humilde, original de Zurique, o seu nome era Fritz-Karl Watel, profissionalmente adotou o nome francês François Vatel. Aos 15 anos começou a aprendizagem de confeiteiro com Jehan Heverard. Chegou à corte aos 22 anos, admitido como auxiliar do cozinheiro de Nicolas Fouquet, Superintendente do Tesouro da França e homem mais rico nessa época. Talentoso, ativo, organizado e extremamente ambicioso, Vatel em pouco tempo tomou o lugar de maître d'hôtel do Château de Vaux-le-Vicomte - um ofício cujas obrigações englobavam o controle das cozinhas, das compras dos alimentos, de todos os utensílios, como louças, talheres, peças de ouro e prata, luminárias e o trato com fornecedores.
Em 1661 Vatel organizou uma festa de grande esplendor para inaugurar o fim dos trabalhos no Château de Vaux-le-Vicomte e recebeu uma pequena multidão de 600 convidados da corte, a rainha mãe, Ana de Áustria e Luis XIV, le Roi Soleil. Nos espectáculos utilizou as mais avançadas técnicas da época, com representações de peças de teatro, entre as quais Les Fâcheux (Os Importunos), o primeiro comédia-ballet de Molière, com música de Lully, e fogos de artifício. Para o banquete Vatel criou um creme de nata batida, doce e perfumada com baunilha.
François Vatel voltou para a França dois anos depois e foi trabalhar como extraordinário "Mestre dos Prazeres e das Festividades" para Louis II de Bourbon, o Grande Condé, no Château de Chantilly e lá, Vatel batizou o seu creme com o nome do lugar.
Em 1671, a França está prestes a enviar suas tropas contra a Holanda, e o príncipe de Condé via na guerra um modo de recuperar suas finanças e seu prestígio - ele pretendia comandar o exército francês. O Grande Condé encarrega então Vatel da maior tarefa de sua vida: promover três dias e três noites de festividades no castelo de Chantilly - serão convidados a passar um fim de semana de caça o rei Luís XIV e toda a nobreza com 3.000 pessoas.
Em 21 abril 1671 desfrutaram, com muita pompa e suntuosidade, os espetáculos organizados por Vatel. Tudo correu muito bem até que, no jantar da ultima noite, não havia assados para todas as mesas. Estressado pelo erro de calculo, Vatel passou a noite em claro, esperando os peixes para o dia seguinte, a Sexta-Feira Santa. Ao perceber que a encomenda não seria entregue, Vatel suicidou-se em virtude do atraso do peixe, que ameaçou o sucesso de um dos jantares oferecidos a sua Majestade.
Sua morte foi tratada como uma tragédia nacional, principalmente depois que se soube que o peixe havia chegado e tudo não passava de um mal-entendido. O rei e a corte admiraram a sua atitude e continuaram os banquetes.
Folhado de maçã com chantilly
3 kg de massa folha da Arosa
250 ml de vinho do porto
50 g de panela em pau
1 kg de açúcar refinado
100 g de canela em pó
40 ml de essência de baunilha
1 l de creme de leite fresco
3 kg de maçã gala
500 g de limão
Preparo: Descasque, corte em cubos grandes e cozinhe as maçãs com açúcar, suco de limão, canela em pau e vinho de porto. Deixe esfriar. Abra a massa e coloque as maçãs por cima. Leve ao forno em assadeiras antiaderentes. Bata o creme com açúcar e baunilha até obter o chantilly. Polvilhe açúcar e canela em pó sobre os folhados. Sirva ainda quentes com chantilly.

A receita de folhado de maçã com chantilly foi apresentada pelo Chef Du Sedelmaier no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

19.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole III: Creme de Aspargos com Weissbier e Flocos de Bacon - Chef Du Sedelmaier

 Creme de Aspargos com Weissbier e Flocos de Bacon
 Ingredientes:
 
500ml de cerveja de trigo
150g de alho poró
150g de cebola
300g de aspargos verdes congelados
300g de aspargos brancos em conserva
200g de manteiga
150g de farinha de trigo
 250g de bacon fatiado
 2 tabletes de caldo de galinha
200g de creme de leite fresco
 Preparo:
Forre uma assadeira com o bacon fatiado e leve ao forno por sete minutos, até dourar. Escorra a gordura e reserve o bacon. Limpe bem e corte o alho poró e a cebola em julienne.
Aqueça a manteiga e doure a cebola e o alho poró, junte a farinha de trigo e faça um roux claro. Acrescente os aspargos verdes cortados em pedaços grandes, refogue um pouco e acrescente a cerveja.
 Deixe ferver até engrossar. Acrescente os aspargos brancos cortados e o creme de leite. Pique o bacon com a faca e coloque por cima do creme ao servir. Pode ser acompanhado de pão preto ou torradas.
A receita de creme de aspargos com weissbier e flocos de bacon foi apresentada pelo Chef Du Sedelmaier no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

18.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole II: Spaguetti alla chitarra con tartufo nero - Chef Ville Della Penna


Trufa, tartufo em italiano, é o nome vulgar dos membros de Tuber, um gênero de fungos subterrâneos da família Tuberaceae. Algumas das espécies têm sabor e aroma agradáveis, sendo consumidas pelo homem há mais de três mil anos. Possuem aspecto de mármore negro e bege. A colheita é feita por porcos ou cães adestrados. O tartufo nasce sob a terra, a uma profundidade de 20 a 40 centímetros, próximo à raiz de carvalhos e castanheiras. Os tartufi são silvestres e até hoje não se descobriu uma forma de cultivá-los. As melhores trufas brancas vêm de Alba, pequena cidade italiana entre Turim e Milão. Já as trufas negras tradicionais são de origem francesa, da região de Périgord. A colheita dos tartufi já foi tarefa dos porcos, mas atualmente é mais comum procurá-las com cachorros vira-latas adestrados para farejá-las. O tartufaio, especialista em tartufi, é quem revolve a terra e retira o tartufo do solo sem quebrá-la nem ferir-lhe a superfície. Ela só terá valor se as suas características originais forem preservadas.
As trufas brancas são muito apreciadas por chefs de cozinha devido ao seu inigualável aroma. As trufas de Alba, por serem as melhores, podem custar até 6 mil dólares o quilo. As que exibem uma sutil coloração rosada são consideradas melhores, de aroma mais marcante. As melhores safras ocorrem em outonos chuvosos, pois as trufas precisam de muita umidade para crescer. Em 8 de novembro de 2009 uma trufa branca de 750 gramas foi leiloada por 100 mil euros na Itália e em 14 novembro de 2010 um exemplar de 900 gramas foi arrematado por 105 mil euros. A trufa branca exige um cortador específico com lâminas ultrafinas pois quanto mais fina for cortada, mais sabor vai liberar. A espessura ideal é a de uma folha de papel. Combina com massas, risotos e ovo frito. O prato predileto dos especialistas é o ovo all'occhio di bue, pois reúne a simplicidade do ovo e a exuberância da trufa branca fresca. Pode ser comida também com pão.
As trufas negras , Tuber melanosporum, exalam aroma menos acentuado, superfície mais rugosa e são mais resistentes ao manuseio. O quilo custa em média 700 dólares e pode chegar a 1.200 dólares. Ao contrário das brancas, podem ser lavadas em água. A trufa negra já foi chamada de "Diamante Negro" ou "Pérola Negra" devido à sua raridade.
SPAGUETTI ALLA CHITARRA CON TARTUFO NERO:
Ingredientes:
100 g de espaguete (uma mão fechada)
1 ovo ( gema )
1 trufa negra de 50 g
1 abobrinha italiana  ( só a casca )  e uma colher de sopa com manteiga ( 50g).

Modo de preparo : Para a trufa, some ao mixer 50g de azeite e a trufa já cortada em dois.
Bata até ficar em pedaços pequenos, porém firmes. Reserve. Cozinhe a massa al dente e  em uma frigideira já quente , some um fio de azeite e a abobrinha e refogue até ficar macia.
Com a panela ainda quente, some à massa, a manteiga e a gema.
Desligue o fogão misture bem somando por ultimo à trufa.

A receita de spaguetti alla chitarra con tartufo nero apresentada pelo Chef Ville Della Penna no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

17.11.10

Cozinha Artesanal Senza Parole I: Panzanella - Chef Ville Della Penna

Panzanella ou Panmolle é um preparado italiano original das regiões de Toscana, Úmbria, Marcas e Lácio. O prato consiste numa salada com pão amanhecido de alguns dias e é bastante popular nos meses de verão. O preparado inclui o pão fatiado, tomates frescos, temperado com manjericão, azeite, vinagre, sal e pimenta do reino. O pão usado de costume é do tipo Toscano, preparado sem sal e assado em forno a lenha.
Muitas vezes a Panzanella serve como base para aproveitamento de ‘sobras’, angariando assim uma grande variedade de outros ingredientes. Portanto não é raro encontrar receitas indicando o uso de hortaliças, peixes e frutos do mar para sua elaboração.
PANZANELLA:

Ingredientes:
1 pepino médio ( só a casca )
2 tomates Italianos cortados em cubo
1 cebola roxa cortada em rodelas finas
4 folhas de rúcula rasgadas
500 g de camarão  cozido para molho
200 ml de azeite (1 copo americano)
15 ml de vinagre branco (2 colheres de chá)
400 g de um pão italiano.
Modo de preparo:
No dia anterior, rasgue o pão e reserve em uma saladeira somando o azeite e o vinagre. No dia seguinte, some todos os ingredientes com sal e pimenta a gosto.   

A receita de Panzanella foi apresentada pelo Chef Ville Della Penna no III Salão Internacional do Artesanato para o projeto Cozinha Artesanal Senza Parole.

7.11.10

Ana Rita Dantas Suassuna na Cozinha Artesanal Senza Parole

No próximo domingo, 14 de novembro, às 18h, Ana Rita Dantas Suassuna, autora do livro Gastronomia Sertaneja: receitas que contam histórias da editora Melhoramentos, estará no Espaço Gastronômico do III Salão Internacional do Artesanato palestrando sobre sua vida, seu livro e o universo de sua pesquisa. A palestra faz parte do projeto Cozinha Artesanal Senza Parole e logo após os chefs Adriano Vasconcelos e Ville Della Penna ensinarão algumas receitas da cozinha de buteco.

Segue matéria de Guta Chaves

A dama da cozinha sertaneja

Ana Rita Dantas Suassuna lança livro de receitas e resgata histórias de comida do sertão

Guta Chaves, colunista do iG Comida
24/08/2010 09:38


Foto: Divulgação

Ana Rita Dantas Suassuna: "O cuscuz é o pão na mesa do sertanejo", ensina a autora de Gastronomia Sertaneja - Receitas que Contam Histórias
“Alguém aqui sabe me dizer o que é mugunzá com mão de vaca e linguiça? E orelha de pau?”, perguntou para sua plateia Ana Rita Dantas Suassuna, uma senhora muito boa de conversa. “São pratos muito típicos da minha terra”, explicou. “E como esses há tantos outros desconhecidos fora do sertão”. Orelha de pau é um tipo de panqueca feita de farinha de milho. Já o mugunzá com mão de vaca e lingüiça é um prato à base de canjica cozida com a pata dianteira da vaca, rica em colágeno, e linguiça. Receita nutritiva e saborosa. Assim, entre um e outro prato, uma e outra história do sertão, dona Ana Rita cativou o público na semana passada durante o lançamento de seu livro, na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. O nome da obra é Gastronomia Sertaneja – Receitas que Contam Histórias (editora Melhoramentos).
Prima-irmã do escritor Ariano Suassuna, que quando criança passava as férias em sua casa e adorava paçoca de carne, dona Ana Rita falou como se estivesse em casa. Fazia sentido: tinha muita gente da família entre os espectadores. Ela contou animadamente sobre a confecção do livro, os pratos e a vida na fazenda São Pedro, no sertão de São José do Egito, em Pernambuco.
Dona Ana Rita é uma grande representante da cultura gastronômica sertaneja. Não por acaso, um dos méritos do livro – que além de tudo é bem bonito – é resgatar e registrar receitas e tradições que, por serem muitas vezes transmitidas oralmente, uma hora se perdem.
Em um jantar organizado em São Paulo por André e Maria Luiza Ctenas, antes ainda de se pensar em um livro, dona Ana Rita fez alguns pratos do sertão pouco conhecidos no sudeste. Entre os participantes do festim, outros chefs, como Alex Atala, Ana Luiza Trajano, Mara Salles e Rodrigo Oliveira. Todos profissionais envolvidos com pesquisas na cozinha brasileira. Muitos, por outro lado, até então nunca tinham ouvido falar ou provado algo como o tal grude de goma: um bolo de consistência gelatinosa por baixo e crocante por cima, feito com a goma da mandioca misturada ao coco ralado na hora. Ficaram encantados. Convencida de que era importante registrar isso tudo, dona Ana Rita começou a escrever o livro, estimulada pela família -- e ainda mobilizou todo mundo na empreitada. Daí para se achar o editor, Breno Lerner, da Melhoramentos, foi um passo.
Pois bem, agora lá está ela no comando da apresentação. Com uniforme de chef, Cozinhando com Palavras (nome do evento em que se apresentou durante a Bienal do Livro), dona Ana Rita conta que para compor a obra juntou aos próprios conhecimentos muita pesquisa e releu clássicos de Câmara Cascudo, Gilberto Freyre, Josué de Castro e Mauro Mota. Lembrou dos romances de escritores nordestinos famosos como Rachel de Queiroz. E, claro, resgatou a memória popular. Não foi fácil, conta, converter em medidas mais precisas aquelas “pitadas e punhados” das receitas feitas “no olho”. Mas ela persistiu e testou tudo, com a ajuda de outras mulheres da família como Vanda e Vera Dantas.
Dona Ana Rita também tirou das gavetas antigos cadernos de receitas. Um deles foi o que ganhou de presente ao casar, no final dos anos de 1950 – hábito comum na época em que as mulheres eram preparadas para assumir o comando da cozinha de casa. O livrinho vermelho, delicadamente encadernado e muito bem cuidado, tinha até pratos como estrogonofe, pizza, suflê e chocolate. “Este último, era um forasteiro no sertão”, diz. “E ainda tinha lagosta e camarão. Imaginem, nem água tem lá...”. Assim, aquele caderno, que pedia ingredientes distantes, era inútil. Acabou encostado. “Até hoje, só sei fazer comida do sertão, mas guardo a relíquia”.
Outro caderno de receitas, da mesma época e mais de acordo com seus propósitos, explicava como fazer um desafiante sequilho de goma, datado de 1912. “Na minha casa isso era feito três vezes por semana e eu não soube reproduzir depois de casada”. Durante toda a infância, viu a mãe preparar os biscoitinhos de leite de coco, goma e açúcar. “Mas nunca vi bicho para ter mais segredo. Uma das coisas mais difíceis foi recuperar esse sequilho crocante, que dissolve na boca”.

A riqueza do milho

“As comidas de milho são uma riqueza da minha região”, diz dona Ana Rita. O cuscuz, por exemplo, é um dos grandes pratos da cozinha sertaneja: é comido salgado e doce, no café da manhã, como acompanhamento das refeições e ainda na hora do lanche. “É o pão na mesa do sertanejo”. Aliás, pão de trigo para o sertanejo é um luxo. Ele aparecia com os vendedores ambulantes que o anunciavam com uma corneta ou era encontrado nas feiras locais.

Durante sua apresentação, dona Ana Rita mostrou os produtos de milho que dão origem a tantas receitas. O fuba, por exemplo, farinha fininha feita do grão pisado no pilão, peneirado, torrado em panela de barro e moído, quando misturado ao mel de rapadura, já dá uma bela refeição. A farinha granulada que sobra na peneira é o xerém, também muito empregada nas formulações regionais. Cururu é um bolinho de milho, feito com mel de rapadura no lugar do leite. "Fubá e fuba são massas de milho bem diferenciadas. A primeira é ingrediente básico para o cuscuz, ou para o angu. Na fuba os grãos de milho são seco são colocados em "caco" de barro preaquecido em fogo baixo, mexido com pá de madeira, sem parar, até torrar. Em seguida são moídos ou pisados em pilão, peneirados, transformados em massa muito fina e seoca: um pó especial diferente do fubá", explica em seu livro.

No sertão, quando se mata porco costuma-se fazer lingüiça caseira. E ao tempero seco se mistura rapadura, que fermenta e faz o papel do vinagre. Com essa mistura são enchidas as tripas. Também se prepara vinagre de caldo de cana: deixa-se fermentar a garapa e se côa todos os dias até que a fermentação cesse.

Está presente em toda a obra esta muito sensata anotação de que nada pode ser desperdiçado. “Bem se diz por aqui que da cabeça ao pé da galinha só sobra o bico”. E, no capítulo A seca, a fome, as comidas, a autora ainda faz questão de mostrar como os pratos mudam de nome, de maneira pejorativa, nas épocas de seca.
A receita cabeça de galo – espécie de pirão de ovo, em que se misturam temperos verdes e manteiga em água fervente quebrando um ovo para cada pessoa –, quando se tem poucos recursos, vira “mingau de cachorro”, pois só vai um ovo misturado para muita gente, e olhe lá. “Leite batizado” é leite misturado com água pra render. “Escoteiro” é feijão comido puro, sem mistura. Garapa vira “engana bucho” quando não se tem mais nada para aplacar a fome. Contingência da seca, como diz a autora. “As receitas carregam os significados de seus nomes”, diz. “E esses apelidos identificam que as pessoas não aceitam comer em desacordo com seu paladar”, conclui. É como se fosse uma forma de protesto.

Para dona Ana Rita, a obra tem também um significado simbólico. “Foi uma surpresa me colocar no lugar de alguém que estava escrevendo um livro de comida, pois eu só conheço as do sertão e, ainda, como amadora”, diz, com muita modéstia. “Procurei registrar o máximo de tudo que sabia e que soube me informar, mas, sobretudo, minha grande fonte de informação foram os familiares e amigos da época”, diz. Cada um chegava com uma pesquisa, uma informação ou para provar uma receita e dar sua opinião. São pratos para ser preparados em fogo lento, sem pressa, ensina. De preferência, no fogão a lenha. Gastronomia Sertaneja – Receitas que Contam Histórias é isso: um livro rico de informações e bem delicado, que enche a gente de vontade de conhecer as comidas e o sertão que se insinuam acolhedores, como as palavras da autora.

Serviço

Gastronomia Sertaneja – Receitas que Contam Histórias, de Ana Rita Dantas Suassuna, editora Melhoramentos. R$ 149,00.
(Pode ser comprado com desconto pelo site da livraria melhoramentos. http://www.livrariamelhoramentos.com.br/ - Nota de Brasília de Dólmã.)

Receita

Cabeça de galo, por Ana Rita Suassuna - Redimento: 5 porções

Ingredientes

Água o quanto baste (mais ou menos 2 litros)
1 cebola da terra (roxa) cortada em rodelas finas
2 ramos de coentro inteiros
2 ramos de cebolinha verde inteiros
1 dente de alho amassado
½ pimentão cortado em tiras
1 colher (chá) de colorau
1 pitada de cominho
Sal e pimenta-do-reino a gosto
2 tomatinhos cortados em quatro
2 colheres (sopa) de manteiga
½ xícara (chá), ou mais, de farinha de roça*
5 ovos
Modo de fazer

1. Leve a água ao fogo para cozinhar os temperos verdes e secos junto com a manteiga. Quando estiverem cozidos, retire os temperos da água e reserve. Com o fogo baixo e o caldo fervendo, coloque a farinha de roça lentamente, e aos poucos, mexendo sem parar, até que o caldo engrosse e fique no ponto desejado.
2. Quebre os ovos, um a um, no caldo fervendo, com cuidado para que cozinhem inteiros.
3. Na hora de servir, coloque um ovo em cada prato. Os temperos cozidos, assim como um pouco de coentro e cebolinha verde, vão separados para serem usados a gosto.
4. Com o caldo da cabeça de galo, prepare um molho de pimenta suave ou, se preferir, de azeite doce (azeite de oliva) e vinagre.
5. Para os que nada podem, em época de seca o preparo é feito com alguns temperos verdes cozidos em muita água e sal, um ovo quebrado e esfarelado (é a multiplicação do ovo, como a dos pães no texto bíblico) na fervura e um punhado de farinha de roça para misturar e fazer um pirão ralo, independente de quantos sejam os que vão comer.

* Farinha de roça, segundo o glossário do livro, é a nomenclatura usada no sertão para farinha de mandioca.