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27.11.10

Descobrindo os sabores do Brasil - Barreado: a bandeira gastronômica do Paraná

O Barreado é uma das mais requintadas criações da cozinha típica nacional. Trata-se de um prato simples e ao mesmo tempo exótico, cultivado há mais de 200 anos por caboclos das encostas da Serra do Mar, no litoral do Paraná. Com origens indígenas, açorianas e caiçaras, durante mais de século foi consumido apenas por moradores nativos das cidades de Antonina e Morretes. Primeiramente, por ocasião da festa do entrudo, que deu origem ao Carnaval. Depois, nas celebrações religiosas, que até hoje atraem milhares de pessoas àquelas bucólicas cidades com o propósito único de comer Barreado. Somente no início dos anos 70 foi que esta delícia da culinária artesanal ganhou status e subiu a serra, passando a fazer parte do cardápio de sofisticados restaurantes de Curitiba. Comer o Barreado é um ritual para personalidades e visitantes ilustres que chegam à capital paranaense nos dias atuais. O restaurante-escola do Senac-PR, no centro da cidade, é uma das principais referências para aqueles que apreciam o bom e legítimo Barreado. E isto tem razão de ser: o órgão fez o resgate histórico da receita e desenvolveu campanha institucional, tornando o Barreado conhecido em nível nacional. Hoje, existem restaurantes servindo o Barreado na região Norte do País e até nos Estados Unidos. Nas festas típicas portuguesas que acontecem no litoral de Santa Catarina, o Barreado é bastante consumido. Há quem afirme que o prato tem propriedades afrodisíacas. Isto pode não ser verdade, mas o fato é que o Barreado produz um efeito estimulante em quem o degusta. Diz a lenda que os caboclos dançavam dia e noite durante toda a festa do entrudo sem se deixar abater pelo cansaço. Quando não agüentavam mais, comiam Barreado e voltavam à farra ainda mais animados. A bebida pouco fazia efeito frente à energia que obtinham quando se alimentavam de Barreado. Segundo os apreciadores, este é um prato para ser saboreado aos poucos, devagar, sem a menor pressa. Seu sabor é especial e inconfundível. Comer o Barreado uma vez significa apreciá-lo para o resto da vida. A grande dificuldade para a massificação do Barreado é o seu tempo de preparação e cozimento, um ritual que pode levar, se feito da maneira tradicional, de 16 a 24 horas. Isso porque o barreado era cozido em uma panela de barro, vedada com farinha de mandioca e enterrada sobre brasas dentro de um buraco no chão. O calor das brasas ficava preso e como a panela era bem vedada o cozimento lento de um dia para o outro tornava o prato delicioso e único.
Antonina e Morretes
Antonina foi fundada em 12 de de setembro de 1714, quando ainda era um pequeno povoado. Nesta data, D. Frei Francisco de São Jerônimo, bispo do Rio de Janeiro, autorizou a construção de uma pequena capela em homenagem à Virgem do Pilar. Artesanato, comida típica e folclore são palavras-símbolos de Antonina. O trabalho artesanal no município é intenso e vai desde o fabrico de pilões de madeira de lei, cestaria em cipó e taquara, até miniaturas de canoas, violas e outros utensílios talhados de uma madeira especial chamada cacheta. Fundada em 1975, a Filarmônica Antoninense está incorporada ao folclore da cidade. É de caráter beneficente e destina-se a promover e desenvolver a cultura e a tradição musical, participando em atividades cívicas e integrando a juventude antoninense. O fandango é conservado nesta cidade com características semelhantes às de todo o litoral, onde tamancos, violas e cantigas fazem desta tradicional dança uma prova de persistência do caboclo litorâneo que não a deixa abater. O Bloco Carnavalesco Apinagés foi fundado em novembro de 1923 pelo marinheiro paraense Benedito Jesus Pereira, segue primitivas tradições indígenas e constitui-se em folclore de Antonina, sendo um dos mais famosos e antigos do Paraná.

A cidade de Morretes, conhecida como a capital agrícola da região litorânea, foi fundada em 1721 e hoje conta com aproximadamente 23.000 habitantes. Banhada pelo Rio Nhundiaquara (com suas inúmeras cachoeiras corredeiras), Morretes se caracteriza pela arquitetura, em estilo colonial, e pelo Barreado, prato típico do Paraná à base de carne cozida, pimentas nativas, banana-da-terra e farinha de mandioca. Mas não se come só Barreado em Morretes! Entre outras delícias gastronômicas locais estão as geléias, doces, frutas, sucos e aguardentes, como a famosa pinga de banana. Falando em artesanato, não se pode deixar de lado a cestaria e o trançado, famosos em toda a região. No rico folclore, festas como o fandango, dança das balainhas, dança do pau-de-fita e a folia do Divino. Seus principais pontos turísticos são: Porto de Cima, Igreja de São Sebastião de Porto de Cima, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto, Rio Nhundiaquara, Estação Ferroviária. Para chegar a Morretes e Antonina, existem vários caminhos. Por via rodoviária o acesso se dá pela BR -277 ou pela Estrada da Graciosa. Outra opção é a Estrada de Ferro com trens saindo diariamente de Curitiba.
Receita:

Ingredientes:
1kg de músculo bovino cortado em cubos;
sal;
200g de bacon em lardons;
2 cebolas picadas;
3 dentes de alho picados;
1 folha de louro;
1 colher de chá de orégano;
1 colher de chá de cominho;
pimenta-do-reino.
Para o pirão:
caldo do barreado;
uma xícara de farinha de mandioca.
Preparo:
Faça o barreado: tempere a carne com o sal e reserve. Frite o bacon em uma panela de pressão até começar a dourar, junte a pimenta, a cebola e o alho, refogando bem por cerca de três minutos. Acrescente o músculo, o louro, o orégano e o cominho, mexendo até que a carne fique bem dourada. Adicione água até cobrir. Leve a panela ao fogo e cozinho sob pressão durante uma hora. Depois de cozida a carne, separe o caldo da carne e reserve.
Faça o pirão: em uma panela coloque o caldo reservado e espalhe aos poucos uma xícara de chá de farinha de mandioca mexendo bem, para não empelotar.
Sirva o barreado junto com o pirão e bananas.
Este é sem dúvida o mais significativo sabor do Paraná.


25.10.10

Adeus, Walita.


Walita Neutron
Em 1944, no Brasil, Waldemar Clemente, dono de uma empresa de produtos elétricos, dede 1939, a Walita Ltda., aprimorou o aparelho da Turmix, criando no ano seguinte, em 1945, seu próprio aparelho, o Walita Neutron, batizando-o de “liquidificador”, nome que passou a designar para sempre o aparelho nesse país.

Turmix
No final dos anos 40, a Turmix então ingressa na Argentina e tem seus aparelhos também produzidos no Brasil pela Walita, que patenteia no Brasil o extrator de sucos da Turmix, batizando-o de “Centrífuga”, nome que também designa desde então esse tipo de aparelho baseado no liquidificador.

Centrífuga Walita
Em 1946, John Oster, fabricante de aparelhos para barbearia, adquire a Stevens Electric e lança seu primeiro liquidificador concorrente do Waring, o “Osterizer”. Devido à estratégias agressivas de marketing, com extensas propagandas em revistas famosas e programas, os liquidificadores Osterizer e Walita ficaram muito famosos nos Estados Unidos e Brasil, respectivamente. Posteriormente, a Oster cria sua divisão Sunbeam, que se especializa em liquidificadores de luxo, com várias velocidades e acabamentos decorativos chamativos.

Osterizer
No Brasil, a Walita passa a fabricar liquidifcadores para várias empresas e alcança seu primeiro milhão de unidades no início dos anos 50 com um novo e redesenhado liquidificador, que ficou conhecido simplesmente como “liquidificador Walita”. Nessa época, Hanz Arno, fabricante de motores elétricos no Brasil também desenvolve um liquidificador baseado no Osterizer, posteriormente se aproxima da Sears, que passa a desenvolver eletroportáteis com sua empresa, a Arno S.A.

Arno
Tendo a Arno uma relação próxima com a Electrolux, esta passa a comercializar seus liquidificadores em alguns mercados nas décadas seguintes. Ao longo dos anos 50 e 60, a Philips, holandesa, desperta o interesse pelos liquidificadores e outros eletroportáteis da Walita e passa a comercializá-los em outros países. Suas relações aumentam e a Walita passa a ser a fonte dos eletroportáteis Philips para vários mercados ao longo dos anos 60, culminando com a sua aquisição pela Philips em 1971.
A Walita, tendo seu fundador como presidente da divisão até 1994 , então passa a ser o principal centro de desenvolvimento de eletroportáteis da Philips para o mundo desde os anos 70, especialmente de liquidificadores e da “centrífuga”. Ao longo dos anos 80 e 90, muitos ferramentais de liquidificadores e extratores de suco, bem como inovações feitas pela Philips foram adquiridas por várias empresas, especialmente as chinesas, que abastecem hoje praticamente todo o mercado mundial com liquidificadores baseados nos produtos Walita, derivados dos Turmix, que por sua vez, remontam do primeiro liquidificador Waring. A Walita em 1950 já se valia do design e do marketing para fazer sucesso.

Waring
A Philips, detentora da marca desde 1971, adquirida de Waldemar Clemente, "engenheiro, empreendedor e pioneiro" decidiu juntar seu nome à da Walita à partir de 2004. O motivo foi o aumento significativo da presença masculina nas cozinhas e o crescente interesse pelos utensílios culinários. A marca Walita sempre esteve ligada à mulher e ao esteriótipo da dona de casa. Assim fez sua história de sucesso e virou sinônimo de eletrodoméstico no Brasil. Em 2010 a Philips decide extinguir a marca Walita
.

10.10.10

Heranças de Portugal: Arroz Doce

   "Podemos comer arroz doce nos quatro cantos do mundo, mas não há recanto em Portugal onde não se faça este doce, tão típico quanto diferente, dependendo de quem o prepara.
   Desde o século VI a.C. que há registos de arroz cozido em leite com açúcar. A chegada da cana-de-açúcar da Índia ao Médio Oriente, onde já se cultivava o arroz, marca a origem desta especialidade que perdurou até aos nossos dias.
   É possível imaginar que, muito antes, estes alimentos coexistiam na Índia e que, inclusivamente na Ásia, substituído o leite de origem animal pelo leite de coco, este doce era saboreado desde os tempos mais remotos.
   Posteriormente, a fama do arroz doce espalhou-se rapidamente por toda a Europa e a cor dourada que o melaço lhe conferia passou ao branco característico, já no século XIII, quando se começou a utilizar açúcar refinado. O século XVIII marca o momento do baptismo desta sobremesa, que revela todo o seu encanto em todos os livros de receitas europeus.
   Durante os últimos vinte e seis séculos, o arroz cozido em leite com açúcar conservou praticamente intacta a sua essência original.
   A sobremesa de arroz doce em Portugal reflecte esse desejo de manter vivas as doces tradições ancestrais. Servi-lo no final do almoço de domingo, ou em qualquer acontecimento digno de celebração, significa venerar um costume antigo e honrar os dias festivos.
   As inúmeras referências revelam esta aliança do arroz doce e determinadas datas do calendário.
   Sirva de exemplo o Natal que, nas aldeias e cidades portuguesas, é muito acarinhado nas suas tradições, convertendo a gastronomia no eixo central sobre o qual gira a celebração. Deste modo, e antes de se ir à popular Missa do Galo, não falta o prato de arroz doce e os doces conventuais que são com frequência servidos após um vistoso bacalhau cozido.
   Outro momento em que o arroz doce aparece é em muitas bodas portuguesas. Trata-se não só da sobremesa principal da ocasião, como é típico a família dos noivos oferecer arroz doce aos seus convidados uns dias antes da cerimónia. Actualmente, subsiste o mito de que a quantidade de arroz doce com que se recebe os convidados é proporcional ao grau de parentesco.
   Desde o aroma que lhe é oferecido pela canela, passando pelo toque subtil que a casca de limão lhe dá, e terminando na porosidade que o ovo lhe confere, o arroz doce português admite, na sua preparação, pequenas variantes que permitem personalizá-lo e torná-lo único em cada mesa".
fonte: Dias Festivos e Arroz Doce (http://www.saludaes.pt/Articulos/ver/dias_festivos_e_arroz_doce) Acesso em 10/10/10.
Arroz Doce
Ingredientes:
200g de arroz branco comum (jamais parboilizado);
1l de leite;
50g de manteiga;
300g de açúcar;
50 ml de Amaretto;
10 cravos;
5g de canela em pó
50 ml de água.
Preparo:
Cozinhe o arroz com o leite e a manteiga;
Quando estiver bem cozido, adicione água se necessário e deixe pegar fervura de modo a ficar bem caldaloso;
Com o açucar prepare um caramelo vermelho e derrame lentamente sobre a calda de arroz cozido;
Numa panela à parte ferva os cravos e a canela em pouca água e, com uma peneira fina, coe sobre o arroz doce;
Adicione o Amaretto, misture bem e desligue o fogo assim que estiver cremoso mas ainda com calda;
Esfrie tampado na geladeira e sirva polvilhado com canela em pó e enfeitado com cravos.

17.6.10

Para Aprender e Gostar



Brasilidade é um programa da TV Câmara dirigido por Fernando Bola. Com abrangência nacional e internacional, o programa procura resgatar raízes culturais de nossa brasilidade. Neste episódio, Moqueca, o Chef Adriano Vasconcelos explica as orígens do prato que é a bandeira nacional culinária do Brasil. O vídeo pode ser copiado e divulgado desde que seja citada a fonte que é a TV Câmara.

Doces abraços!